segunda-feira, maio 29, 2006

Professores - que avaliação?

Depois do que se ouviu nos media, no sábado, no domingo e hoje, acerca deste assunto, muito se poderia comentar; aliás, muito será dito nos próximos tempos. Tinha pensado escrever aqui longamente sobre este assunto, mas penso que umas poucas ideias são suficientes para apresentar o meu pensamento:
1-Se os pais vão decidir se eu progrido ou não na carreira, o que posso fazer para lhes agradar? Bajulá-los? Dar notas altas aos educandos? Hum...
2-Os pais vão assistir às minhas aulas? Tudo bem, já lá tive quase de tudo, mas que utilidade terá isso? Todos os pais têm competência para saber o que é uma aula? E não é preciso estarmos dentro de um processo para o avaliarmos? Então hei-de reconhecer idoneidade para avaliar o meu trabalho a qualquer borra-botas?
3-Não resisto: virá a ser mesmo legitimado que qualquer borra-botas possa decidir a minha vida? Então para que me serviu uma vida de estudo e de trabalho?
4-Já imaginaram um qualquer zé-ninguém (doente) a participar na avaliação dos médicos? Hum... E dos juizes?
5-A participação dos pais (ignorantes ou não, competentes ou não) na avaliação do meu trabalho quantos votos dará?

4 comentários:

rosa do deserto disse...

Dado o que me parece que aí vem com estes moldes de avaliação, concordo plenamente contigo...

Anónimo disse...

Já se viu e ouviu de tudo um pouco, destes ministros (competentes) que vão passando pelo nosso governo; mas isto agora sobre os professores, é demais...Está simplesmente a denegrir a imagem daqueles que com grandes sacrifícios fazem com que este país ande para a frente. Esquece-se a ministra das voltas que a maioria dos professores têm que dar às próprias vidas, morando no norte e dando aulas no sul, ou nas ilhas e deixam a família, ou lá vão andando com a casa às costas todos os anos e mal pagos...
Incompetentes são eles, os ministros, que enquanto estão no poleiro, se vão enchendo às custas daqueles a quem eles vão chamando de incompetentes...
Que virá a seguir???
Haja paciência...

M.M.

Mono disse...

Está mais que visto que a ministra tem um claro problema psicológico em relação aos professores. Este é apenas o culminar de um longo processo de degradação da carreira docente.
Também acho piada a um tipo qualquer de uma associação de pais que veio a público dizer que hoje em dia os pais são médicos, engemheiros, advogados e por aí adiante. Como se por ter educação tivesse competência para avaliar os professores.
O mais ridiculo é que esquecem as centenas (milhares?) de escolas (como aquela pela qual passámos) em que 90% dos pais eram agricultores e 90% das mães domésticas.
Mas nem sequer é por aí, pois de certeza que as pessoas dessa escola davam mais valor ao trabalho do professor que o engenheiro que mal vê o filhinho antes de ir para a cama e lhe exige sempre grandes notas independentemente de o realmente conhecer ou não...

Anónimo disse...

"Ó tempo volta para trás!" foi isto que me veio á mente.O tempo em que os professores eram respeitados,o tempo em que se o professor desse um puxão de orelhas ou outro tipo de castigo os pais diziam é bem feito e agradeciam ao professor e não íam á escola pedir satisfações porque o meu kiki ou a minha têtê levou um puxão de orelhas ou esteve de joelhos,o tempo em que não havia dinheiro para andar em explicações e mais explicações,o tempo em que quando se chumbava se tinha que ir trabalhar para saber como custava a vida,o tempo em que se tinha que palmilhar kilometros e kilometros a pé para chegar á escola pois não havia papá nem mamã sempre alí a pegar-nos ao colo pra todo o lado como se fossemos alguns aleijadinhos,o tempo em que as repreensões eram como sinal de pulimento ao nosso crescimento e não como trauma psicologico como hoje nos querem fazer crer,o tempo em que os pais se preocupavam em dar uma boa educação aos seus filhos ainda que tivessem que sacrificar ou abdicar de tanta coisa que hoje são a prioridade na vida e por isso eis os nossos homens e mulheres de amanhã despidos de tantas coisas fundamentais no dia a dia desta sociedade corrompida e esfarrapada? Será que os bodes expiatorios desta vergonhosa sociedade são ser os professores?Já por si tão trasmalhados nestas terras do Afonso e além mar...desgraçados que não eira nem beira onde possam contribuir com seus rebentos nesta tão caduca geração onde se sente qual identidade a esvair-se por entre tantas bandeiras... enfim. Fico por aqui.
Um abraço
O peliqueiro