«A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Vão dos cafés de Copenhaga, onde Kierkegaard passava nos seus passeios concentrados, aos balcões de Palermo. (...) Desenhe-se o mapa das cafetarias e obter-se-á um dos marcadores essenciais da "ideia de Europa."»
George Steiner, A Ideia de Europa
Relembro George Steiner principalmente daquelas aulas enfadonhas da Leonor S., que lia com um Inglês altivo e postiço as teorias presentes numa obra capital do autor: In Bluebeard’s Castle – Notes Towards the Redefinition of Culture. Mas, descontando o cariz mortificante daquelas lições, ficou-me na memória o pensamento lúcido e inovador de Steiner. Ainda são de referência essas Notes, e, apesar de terem vindo a público em 1971, fazem sentido no contexto em que actualmente vivemos. A propósito deste autor, gostaria de salientar aqui outra das suas magníficas produções. É um livro mais recente, que contém uma das suas palestras proferidas no Nexus Institute: trata-se de A Ideia de Europa (Gradiva), em que se sintetizam as características essenciais do europeu. Como sempre, Steiner aguça a sua visão humanista do presente, projectando-a, igualmente, no futuro, dando realce ao fulcro dos problemas de uma certa Europa. Vale a pena ler. Nesta edição, só destoa um prefácio vazio, inútil e corriqueiro de José Manuel Durão Barroso, de quem se esperava muito mais (digo eu).
1 comentário:
Sempre atento o Professor Pedro...
Beijo
Madalena
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