Infelizmente faleceu uma pessoa, que, por acaso, era jovem. Sempre nos choca a morte que consideramos prematura, como se a morte precisasse de amadurecer. Neste caso, não é o "passamento" de alguém o que está em causa, mas sim o mediatismo que do acontecimento se fez. O facto é este: o referido jovem era um dos actores daquela "coisa" que a TVI transmite denominada Morangos com Açúcar - talvez por isso essa televisão tenha transmitido, hoje à tarde, em directo, as suas cerimónias fúnebres. Uma série de perguntas ocorreu-me logo: se o falecido pudesse ver, o que pensaria?; o que sentirá a família (autorizou?/não autorizou a transmissão?) neste momento íntimo?; que traumas ficarão nos miúdos seguidores da série que assistiram aos rituais?; enfim... Só vi um pouco dessa transmissão, mas lembrei-me de um circo idêntico que a TVI fez por ocasião da tragédia de Entre-os-rios. O que faltará ainda mostrar para aumentar os níveis de audiências?
terça-feira, abril 18, 2006
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3 comentários:
É realmente muito deprimente que a estação de Queluz tente por todos os meios, nem que isso implique a transmissão de coisas menos agradáveis pela TV, alcançar as maiores audiências.
Francisco Adam não está mais entre nós, e é claro que sempre o recordaremos com muito carinho, pois era um jovem com um futuro promissor pela frente. Mas acontece; a morte, inevitavelmente, faz parte da vida.
Ao ler este "post" muita coisa me veio, imediatamente, à cabeça. Não apenas por me dedicar ao estudo dos "media", mas porque me aflige a nossa sociedade mediática. Não é apenas a transmissão do funeral de um jovem que partiu que está em causa. Um jovem, ao que sei, bastante aplaudido pelos nossos jovens que devoram essa "coisa" que o canal 4 transmite incessantemente. Mas, importa aqui referir o mediatismo que um canal de televisão faz da tragédia, da tristeza, do drama familiar.
No entanto, segundo estudos recentes, o que conta hoje para a obtenção dos mais elevados níveis de audiência, é a transmissão directa (de preferência) da vida das pessoas. O que importa é mostrar a dor, o sofrimento, as lágrimas, os gritos e tudo o que uma situação destas envolve.
Não se sabe se a TVI teve autorização para mostrar tudo isto, mas a verdade é que os telespectadores de hoje gostam de cenas como esta. Ou, então, por que motivo os "reality shows" têm tantos adeptos? E aumentam o "share" sobretudo quando acontecem cenas de pontapés, chapadas, discussões e azedumes entre os participantes?
Acho que vale a pena pensarmos no que queremos ver na televisão. O que nos enriquece sabermos se o José Castelo Branco sabe lavar a loiça? Ou se lhe custa tomar banho ao ar livre? Não é com programas e transmissões destas que o nosso povo se cultiva, antes se degrada, orientando o seu gosto para produtos e informação "light".
Mas reparem que já não é só a TVI a investir nestas "coisas". Dos nossos poucos canais de TV já pouco resta de realmente proveitoso...
Concordo contigo relativamente ao circo das audiências, no entanto acho que se o miúdo era famoso para os adolescentes esta foi uma forma de se aperceberem dos males relativos à viação...
Às vezes há males que vêm por bem... quem sabe não haverá neste momento miúdos a dizer aos pais "Não aceleres porque senão acontece o mesmo que ao Francisco!"
Quero acreditar que sim.
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